Descoberta de uma verdade absolutamente indubitável – “Penso (Duvido) logo, existo”
Podemos agora ver qual o resultado da aplicação da dúvida. Ela pôs em causa toda a dimensão dos objetos, quer sensíveis quer inteligíveis. Nenhum objeto resistiu ao exame impiedoso da dúvida. Neste momento, poderíamos julgar que reina o ceticismo: tudo é falso, nada é verdadeiro, ou seja, nada resiste á dúvida. Contudo, essa conclusão é precipitada porque, quando a dúvida atinge o seu ponto máximo, uma verdade indubitável vai impor-se.
A descoberta do Cogito foi a descoberta da primeira verdade, esta apresenta as seguintes características:
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Será o alicerce inabalável de todo o conjunto de conhecimentos que a partir dela descobriremos. Será o primeiro princípio do sistema do saber – dela dependerá o conhecimento do resto, de modo que, nada pode ser conhecido sem ela.
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É uma verdade puramente racional – foi descoberta pela razão independentemente de qualquer contributo da experiência é um princípio indubitável e racional.
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É uma verdade descoberta por intuição – a experiencia do sujeito que neste momento dúvida de todos os objetos não é resultado de um silogismo.
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O “cogito” vai funcionar como um modelo de verdade: serão verdadeiros todos os conhecimentos que forem tao claros e distintos como este primeiro conhecimento.
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Ao mesmo tempo que revela a existência de quem de tudo duvida menos da sua existência, a primeira verdade tem implícita outra: A existência do sujeito que duvida é ser uma substancia meramente pensante. – Descartes nomeia-se um ser meramente pensante e um sujeito meramente racional. Podemos assim duvidar da nossa existência mas não da nossa alma.
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Ao mesmo tempo que descubro a minha existência como sujeito pensante, descubro que a minha alma é distinta do meu corpo. - Esta é a segunda verdade e deduz-se da primeira.
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O Cogito corresponde ao “grau zero” do conhecimento no que respeita aos objetos físicos e inteligíveis.
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A primeira verdade é a afirmação da existência de um ser que é imperfeito.
O cogito significa então que se duvidarmos de tudo não poderemos duvidar da nossa própria existência como sujetio que, neste momento duvida de tudo.